terça-feira, 16 de janeiro de 2018

O DEMOCÍDIO DE LULA


O DEMOCíDIO DE LULA
Uma leitura Antropológica
Por: Westerley Santos – Jan/2018

Não há mais a menor dúvida de que o ex. presidente Lula é inocente. Então, por que foi condenado pelo Juiz Sérgio Moro e está sendo julgado no TRF-4? Simplesmente porque está sendo vitima de uma cassada persecutória desproporcional e desumana, em que o próprio Estado, associado às instituições privadas como a grande mídia e representantes da elite empresarial, age violentamente como a um Leviatã implacável contra um só sujeito inocente.

Não bastando a desproporcionalidade ou desequilíbrio de forças, o Estado acusador ainda se associa com parte poderosa da mídia e de empresários de uma elite atrasada, compondo uma força-tarefa, com a intenção deliberada de destruir o ex. presidente nos campos; civil, psíquico, social, politico, moral, ético e econômico, manipulando a própria estrutura jurídica do Estado de Direito, eliminando princípios fundamentais de justiça, presunção de inocência, cerceamento de defesa, entre outras barbaridades. Finalizando em uma condenação sumaria, perante a justiça e a opinião pública, não porque o ex. presidente tenha cometido algum crime, pois, sua inocência está amplamente comprovada, mas, simplesmente e tão-somente por ser o LULA.

Para os acusadores a culpa e o crime de Lula é ser, no sentido Antropológico, o Ser Humano Lula, sendo assim, as motivações acusatórias vão além dos limites técnico-jurídicos ou político e de eleição. - A coisa se mostra hediondamente mais grave.

Se, entendermos e, é bastante verossímil, que forças institucionais de vários setores como: (1) parte importante do Judiciário, do Legislativo, e do Executivo, se associou, ao menos em uníssona intenção, com (2) parte importante do mercado econômico, (representado pela elite empresarial da indústria, do comércio e do setor bancário e  ruralista), (3) as maiores empresas de mídia e comunicação do país, (4) a ajuda luxuosa de líderes religiosos da doutrina Neopentecostal da terceira onda, detentores de templos de servos fieis, Tvs e rádios, além de cargos públicos de poder jurídico e legislativo. Se, entendermos que todos estes entes, estão em conjunto e ao mesmo tempo, usando todos os seus aparatos legais, ilegais, técnico, tecnológico, de manipulação e doutrinação ideológica e psicológica, contra a um só sujeito inocente, então, podemos inferir, que se trata no conjunto, de uma tentativa de extermínio deste sujeito, dada a causa injustificada da acusação e a desproporção de forças e Direitos neste processo.

 Se analisarmos este ataque sistemático e orquestrado contra a um só cidadão escolhido, pelo viés da Antropologia, facilmente perceberemos uma tentativa de aniquilamento que vai para além do homem Lula, encontraremos a intenção de extermínio do Ser humano Luís Inácio Lula da Silva, por parte do Estado e de parte da elite da iniciativa privada. O que define um Estado ou no mínimo um tribunal de exceção para o caso Lula. Senão, vejamos em poucas linhas:

É consenso na Antropologia Filosófica que, o homem em essência, o ser humano, é um ser composto por múltiplos aspectos, e, que estes aspectos juntos devem estar preservados e em plenas condições de exercitarem suas funções teleológicas naturais e, só assim, o homem se torna um ser humano integral, inteiro. Por isso, a preservação e saúde destes aspectos, são essenciais para que o homem exerça e contemple sua humanidade e sua existência-no-mundo. E quais são estes aspectos que formam o ser humano?

São eles: primeiro, o aspecto material/corpóreo, ligado às condições de saúde física e biológica indispensáveis ao estar-no-mundo do sujeito. Neste aspecto o homem Lula, está sendo violentamente agredido pelo Estado, direta e indiretamente, haja vista, a condução coercitiva ilegal, a invasão de seu lar, a iminência de prisão, as ameaças de agressão física e de morte pelas redes sociais, induzidos a partir dos ataques persecutórios e de manipulação da Mídia.

O segundo aspectos é o racional e psíquico, ligado à elaboração cognitiva, emocional e de consciência sobre a estrutura de organização do mundo em que vivemos. Dos princípios e valores que nos dão a referência do outro e, da consciência de si como pessoa; (substância racional e individual que existe como um todo indivisível e exerce um papel no mundo.) Pois bem, também este aspecto no homem Lula, está sendo violentamente atacado, haja vista, a satanização midiática cotidiana na tentativa de execração popular da pessoa do ex. presidente.

O terceiro aspecto é o social e político, segundo Aristóteles, o homem é um animal social e político, isso porque, somos seres gregários, não vivemos sozinhos, somos interdependentes de uma relação mutua com o outro para garantir nossa sobrevivência e a conservação de nossa espécie. O indivíduo não existe fora de seu contexto social, há em nós, uma necessidade vital que nos leva a compartilhar nossa existência com os demais indivíduos enquanto cidadãos em busca do bem comum. Dai a natureza Política do nosso ser.  Segundo; Sônia Maria em – ( Um Outro Olhar. 1995)

 “(...) A coexistência e a cooperação entre indivíduos e grupos são necessárias para a constituição e desenvolvimento das diferentes instituições sociais e políticas que, por sua vez, garantem o bem-estar individual e coletivo. (...) o resultado desta associação permanente entre indivíduos diferentes, torna o homem um ser político e social”.  

Pois bem, talvez este aspecto seja onde o ataque indiscriminado ao homem Lula, seja mais perceptível a olhos nus.  É nítida a tentativa de destruição do ser político e social do ex. presidente. Haja vista, o conjunto todo de acusações, com base em ilações, convicções acusatórias, falácias, crenças, demonização, e desqualificação política pela mídia, além da tentativa evidente de eliminar do cenário das eleições um candidato com grandes chances de ser eleito democraticamente.

O quarto aspecto que compõem o ser humano é o da práxis (ação) e da liberdade.  A existência humana necessita se produzir no tempo e no espaço. E esta produção é uma dinâmica, um processo de ações onde o homem pela ação prática, consciente, livre e responsável, transforma a natureza pelo trabalho e interfere no mundo, construindo sua história e a si mesmo. Para tanto, o homem precisa da liberdade para tomar suas próprias decisões e fazer suas escolhas. Tornando-se então um ser de práxis e de liberdade.

Ora! Embora o ex. presidente goze do direito de ir e vir, esta condição não significa liberdade e muito menos livre-ação da pessoa, pois, o cerco persecutório ao homem Lula, o impede de tomar suas próprias decisões e fazer suas próprias escolhas e, de agir conforme sua livre consciência e vontade, pois, todos os olhos persecutórios do Estado e da Mídia, como a um panóptico moderno , estão sobre ele o tempo todo, controlando o indivíduo no espaço e no tempo, inibindo suas ações, pensamentos, livre expressão e até gestos e manifestações mais espontâneos, próprios a qualquer ser realmente livre. O homem Lula, talvez seja por tudo isso, o homem mais vigiado e controlado do Brasil no momento. Qualquer movimento, ação, e exposição de pensamentos diferentes, poderão ser usados contra ele próprio pelos seus perseguidores. Isso demonstra a violência contra o aspecto da práxis e da liberdade necessários a qualquer homem para que exerça sua condição humana, no sentido Antropológico.

O quinto aspecto é o ético e estético. Ao abordarmos a dimensão ética nos sujeitos, implicitamente estaremos abordando também o aspecto moral. Em cada um de nós há uma consciência valorativa de justiça, verdade e virtude, um senso que visa distinguir, o certo do errado, o bom do mal, o legal do ilegal, o justo do injusto. Este é o senso ético que cada indivíduo carrega em si, e que evolui pelos questionamentos e reflexões que fazemos sobre nossas ações e as dos outros. É esse senso em constante evolução pela reflexão ética e moral que nos serve de medida, critério de discernimento para nossas escolhas e atitudes. Dai a necessidade da consciência e da liberdade para se exercer o aspecto ético e moral de cada um de nós. Como nos diz Sônia Maria; “A ética ilumina a consciência e a condição humana, sustenta e dirige as ações do homem, norteando sua conduta individual e social”.

J.J.Rousseau, em Profissão do Vigário Geral, (incluído no Livro IV do Emílio), expõem uma visão belíssima sobre esta questão:

“Há nas profundezas das almas (...) um princípio inato de justiça e de virtude, de acordo com o qual, apesar de nossas próprias máximas, julgamos nossas ações e as dos outros como boas ou más. É  a esse princípio que dou o nome de consciência ética”.

Sobre este aspecto, é notória a tentativa de dizimar este pilar de sustentação valorativo no homem Lula, a ponto dele mesmo, um indivíduo maduro e com consolidados preceitos éticos e morais, deflagrar expressamente em algumas oportunidades que:

“(...) se tiver uma decisão que não seja a minha inocência, eu quero dizer pra vocês que não vale a pena ser honesto nesse país e, não vale a pena você ser inocente”       
                              (https://youtu.be/gPI6BXy1Q4o).

Esta é uma fala que denota claramente como o senso de justiça, verdade, certo e errado do homem Lula, está sofrendo o abalo da duvida, devido a causas exógenas ao seu sistema de valores perenes. São os efeitos da perseguição criando no indivíduo, a dúvida onde antes havia certezas sobre o valor de justiça, certo e errado, culpa e inocência. Isso pela suspeição e pela esquizofrenia daquele sistema normativo e de princípios morais e legais que até então lhe pareciam seguros, justos e corretos.

Já o ser estético, é aquele capaz de perceber e apreender o belo do mundo e da vida. É a sensibilidade humana que capta as sensações externas advindas da natureza e da realidade. O aspecto estético nos dá a condição humana de captar e apreender a realidade concreta e existencial que nos cerca. É uma espécie de razão da sensibilidade perante o mundo. O que nos torna seres de bondade e sensibilidade para com o mundo e o outro. Rousseau dizia ainda no Emílio que;

”Existe em todos nós a capacidade para admirar e sentir prazer em atos de justiça, bondade e beleza moral, mesmo quando nós próprios nada temos a ganhar. (...) não há um homem que não se sinta comovido por tais atos, ou, por outro lado, ultrajado pela crueldade e iniquidade.”

Os ataques sistemáticos ao homem Lula, acabam por atingir o aspecto estético, no sentido descrito, necessário à sustentação de sua sensibilidade de humanidade. Embora, talvez seja este o aspecto mais forte demonstrado até aqui pelo ex. presidente.

O sexto aspecto da composição humana, é a linguagem e história. Por meio da linguagem o homem faz e produz cultura, o homem faz escolhas e constrói realidades, porque possui uma inteligência teórica, comunicativa. Pela linguagem o homem cria símbolos, signos, ritos, mitos, sistema de crença e participação social, exerce todos os outros aspectos até aqui citados. Esta prática constrói a cultura e toda cultura é histórica. Dialeticamente linguagem-cultura-história, compõe a historicidade do indivíduo no mundo.

Percebe-se uma tentativa de inibir, cercear, controlar e até eliminar esta construção da práxis no homem Lula. Claro que pela força da natureza dialética do aspecto aqui descrito, o homem Lula, na adversidade promovida pelas teses dos ataques, reage produzindo antíteses que no confronto, gera um movimento que lhe confere, em síntese, a construção de novos elementos de sua própria historicidade. Mas, tal força não anula o fato de que há um ataque ao homem Lula, que atinge diretamente a construção de sua história pela tentativa de transformá-lo em corrupto para a eternidade. E por que corrupto? Justamente porque a ideia de corrupção tem o significado mais devastador possível ao profissional da política. Fosse o ex. presidente um cirurgião, talvez estivesse sendo acusado de imperícia técnica para uso de bisturis.

O sétimo e último aspecto, o metafísico e espiritual. O homem é um ser finito. Um ser que se constrói na caminhada rumo a finitude. Tendo consciência disso, o homem busca a superação do seu limite de vida. Esta contradição gera uma crise existencial que nos leva a buscar explicações em uma dimensão metafísica, espiritual. É a maneira encontrada pelo homem para transcender as limitações impostas pela matéria. O que ao fim e ao cabo, produz em nós, o apaziguamento de nossos conflitos existenciais mais internos.

O equilíbrio espiritual gera a paz de espirito que é fundamental e necessária para que suportemos as mazelas da própria existência. É difícil dizer o quanto um homem está vivendo em turbulência ou mesmo em um inferno espiritual, já que, se trata de um elemento metafísico, espiritual, intimo de cada um. Mas, considerando que somos susceptíveis ao meio em que vivemos e que nosso refugio espiritual é devido às mazelas justamente advindas de interferências externas. Pode-se dizer que um homem atingido em toda sua vida e dignidade, está também sendo atingido em seu estado espiritual, em sua alma. Ainda que neste aspecto o homem Lula, têm se mostrado muito forte, haja vista, a demonização promovida em torno de sua pessoa sem que revide com manifestações de ódio ou vingança.

Podemos concluir que o homem Luís Inácio Lula da Silva, está sendo atacado na intenção deliberada de extermínio de sua condição humana, através da destruição de cada um dos elementos que constituem a integridade do ser humano. Como a um Leviatã, Setores poderosos do Estado da iniciativa privada, usam de todas as suas forças e violência desproporcional, numa cassada persecutória, não apenas para proferir uma punição judicial a um cidadão, mas, para exterminar o ser humano Lula. Não por ser culpado das acusações, mas, tão- somente por ser o ser humano LULA. Visto pelos adversários como ameaça política presente e futura. E o nome disso é Democídio¹
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¹ Demicídio: Rummel define democídio enquanto o assassínio de qualquer pessoa ou grupo de pessoas pelo seu próprio governo, incluindo genocídio, politicídio e assassínio em massa. Democídio não significa necessariamente a eliminação de grupos culturais, mas antes grupos de cidadãos que o governo sinta a necessidade de serem erradicados por razões políticas ou que alegue constituírem ameaças futuras.

Embora nos dicionários só tenha um significado, de acordo com Rummel o genocídio tem três significados diferentes. O significado comum é o assassínio por parte do governo de pessoas em função da sua pertença a grupos nacionais, étnicos, raciais ou religiosos. O significado jurídico refere-se ao tratado internacional sobre o genocídio, a Convenção sobre o genocídio, o que inclui também atos não letais com a finalidade de eliminar ou prejudicar o grupo. Segundo Rummel, o terceiro significado geral de genocídio seria igual ao significado comum, mas deveria incluir também o assassínio por parte do governo de oponentes políticos ou de outros assassínios intencionais. De modo a evitar criar confusão entre os significados, Rummel criou o termo democídio para este terceiro significado.[8]

Rudolph Joseph Rummel (21 de outubro de 1932) faleceu em 2 de Março de 2014 era professor emérito de ciência política norte-americano na University of Hawaii. Passou boa parte de sua vida acadêmica montando uma base dados sobre violência coletiva e guerra, buscando ajudar em sua solução ou eliminação. Rummel cunhou o termo democídio para assassinato pelo governo. Suas pesquisas levaram-no a afirmar que morreram seis vezes mais pessoas por democídio durante o século XX do que em todas as guerras daquele século, somadas.[1] Ele conclui dizendo que a democracia é a forma de governo menos provável de matar seus cidadãos e que uma democracia nunca (ou quase nunca) entra em guerra contra outra.[2] .
Fonte: wikipedia em 12/01/2017


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