ESPECIAL AOS PROFESSORES, ALUNOS E A TODA A SOCIEDADE.
Devido aos esperados ataques da política neoliberal aos
direitos educacionais, sociais, políticos e culturais dos cidadãos brasileiros,
iniciados pela medida provisória nº 746/
22.09.2016, enviada pelo governo/mec ao congresso nacional, sobre a “reforma do ensino médio” (ver abaixo). Disponibilizarei nesta página, uma análise preliminar sobre a “reforma” e, em
seguida, vídeos de especialistas e vários links de fontes confiáveis para informações mais detalhadas
sobre esta medida que, desfigura a LDB/96, desprofissionaliza a Docência, quebra a homogeineidade do ensino Público Brasileiro e desobriga o ensino e aprendizagem das Ciências Humanas e da Natureza pela Escola. Esta reforma poderá colocar em risco a estrutura antropológica
(formação do homem), epistemológica (base do conhecimento científico) e
axiológica (formação para os valores humanos como a ética e toda a escala dos
valores) da atual e das futuras gerações. Prof. Westerley
Santos.
Consulta pública sobre a reforma: Vote no link abaixo!
DEZ MOTIVOS PARA SER
CONTRA A REFORMA DO ENSINO MÉDIO
(MP 746)
1 – A PROPOSTA ESCONDE O REAL PROBLEMA DO ENSINO
MÉDIO:
O Governo foge do problema
central que é o déficit e a evasão de Professores devido à baixa atratividade e
valorização da profissão. Omite os principais problemas apontados pelo IDEB
para o ensino e aprendizagem no nível médio, que são os baixos salários dos
professores, a falta de materiais pedagógicos diversificados, as péssimas
condições de trabalho e físicas das escolas públicas.
2 – A EDUCAÇÃO VIRA
NEGÓCIO, PASSANDO DE UM DIREITO PARA
UM SERVIÇO OU PRODUTO.
O Governo diminuirá
conteúdos, agrupará disciplinas, incluirá ensino técnico visando exclusivamente
a formação para o mercado de trabalho, abrindo assim, espaço para contratação
de INSTRUTORES Técnicos, pelo sistema “freelance”, ou prestadores de serviços
autônomo, (sem vínculo empregatício), no lugar de professores concursados que
deveriam ser bem formados e bem remunerados, com formação pedagógica e de
licenciaturas, com vínculo empregatício e pedagógicos com alunos, pais, escola
e educação. Também abre espaço para parceria Público-Privada com as escolas
técnicas particulares. É a Terceirização da Educação.
3 – DESPROFISSIONALIZA O PROFESSOR CRIANDO O PRESTADOR
DE SERVIÇO COM NOTÓRIO SABER.
O Governo autoriza a
contratação de Professor “Freelancer” ou pessoas com “notório saber” (sem
formação em licenciatura ou pedagogia). Estas medidas estarão atreladas a
mudança na lei trabalhista que aumentará a carga horária de trabalho,
priorizando o negociado sobre o legislado, o que possibilitará mais horas de
trabalho para o professor, tendo em vista escola de tempo integral, e, a
contratação sem concursos de técnicos e autônomos com (saber prático) para dar
aulas no sistema de horas ou produtividade. Um retorno ao Séc XVIII.
4- DESCONFIGURA A LDB/96 E QUEBRA A HOMOGENEIDADE DA
EDUCAÇÃO BÁSICA BRASILEIRA.
Ao permitir que os Estados
definam, escolham grande parte dos seus currículos conforme seus interesses, o
Governo quebra a homogeneidade e a hegemonia do ensino nacional previsto na
LDB/96, criando a heterogeneidade do ensino por Estado. O aluno de uma região
poderá não aprender o mesmo que alunos de outras regiões. Estados mais ricos
poderão ofertar conteúdos que outros, por economia, não ofertarão. Professores
que mudarem de Estado poderão não encontrar trabalho em outros Estados que não
ofertarem sua disciplina, o mesmo poderá ocorrer com os alunos. Universidades
poderão ou deverão ofertar seus cursos e vestibulares apenas conforme as
disciplinas ofertadas pelo Estado a que pertençam geograficamente, não
atendendo interessados de outras localidades que não tenham determinadas
disciplinas. Estados mais pobres ficarão com uma educação precária.
5 - TRANSFORMAÇÃO DA DOCÊNCIA EM
"BICO" E DA DISCÊNCIA EM ATO DISPENSÁVEL.
Como dito, o sistema de
trabalho “freelance” abre espaço para contratar professores estrangeiros
(autônomos) ou alguém com saber prático para evitar suprir o déficit de
professores, sem investir na profissão e assim, precariza direitos trabalhistas e de organização
sindical. Também, pelo mesmo critério, isenta o aluno de cursar as disciplinas
na Escola, caso demonstre um saber prático ou experiências adquiridas fora do
ambiente escolar, como em centros, associações ou programas educacionais
diversos. É o fim da licenciatura e docência profissionais e, a opcionalidade na
discencia.
6 – INSTITUE A EDUCAÇÃO SUPERFICIAL PARA OS POBRES E A
EDUCAÇÃO INTEGRAL PARA OS RICOS.
Ao agrupar e enxugar
disciplinas em áreas e criar a figura do professor generalista em Humanas, Da
Natureza etc... O Governo aumenta o conteúdo a ser trabalhado pelo mesmo
professor, diminui a necessidade de contratação de professores formados em
disciplinas específicas e, compromete a profundidade e abrangência dos
conteúdos para o aluno, o que prejudicará a qualidade epistemológica da
educação básica, transformando-a em educação superficial, o que atingi
massivamente os jovens das classes menos favorecidas, (86%) atendidos pela
escola pública. Como a escola particular possui recursos econômicos,
materiais/físicos e atende a uma minoria de posses, poderá ofertar um estudo
mais aprofundado e de qualidade para o seus alunos, assim, estará
institucionalizada a distinção de classe na educação. Uma educação superficial
e técnica-diminuta para os filhos dos pobres e uma educação aprofundada e
abrangente, crítica e humanista para os filhos dos ricos.
7 – INSTRUMENTALIZAÇÃO DE PORTUGUÊS, MATEMÁTICA E
INGLÊS.
Com a obrigatoriedade apenas
destes três conteúdos o governo mantém os conteúdos usados no IDEB/SAEB para
avaliações futuras e, sinaliza sua verdadeira intenção. A pergunta é: por que a
obrigatoriedade somente destes três conteúdos? Simples! O mercado globalizado e
a ideologia neoliberal exigem, necessitam que a mão de obra (jovem e barata)
tenha no mínimo o domínio básico da leitura e da escrita para que o jovem
empregado seja capaz de ao menos, ler os manuais.
Quanto a Matemática; que o
jovem trabalhador seja capaz de exercitar no mínimo, as quatro operações, ler
um gráfico, uma planilha simples nas máquinas e computadores da automação das
fábricas. Por exemplo: um assistente de mecânico de automóveis hoje, precisa
ler e calcular os dados do computador que faz a varredura do motor dos novos
automóveis que são comandados por 70% de componentes eletrônicos.
A língua Inglesa é outra
exigência do mercado globalizado, já que os componentes são importados com seus
manuais muitas vezes em inglês, o mesmo para cursos e contatos comerciais.
Tudo isso significa que o
ensino e aprendizado destas disciplinas deixam de ser orientados para uma
finalidade de desenvolvimento crítico, cognitivo e de domínio dos signos
culturais da língua materna para o sujeito operar sócio-político e
culturalmente em sociedade. Deixa de ser um meio de compreensão lógica das
relações e proporções, da percepção e investigação lógico-matemática, na solução de problemas, de construção de
alternativas de vida, e passam, (Português, Inglês e Matemática) a figurarem na
escola, com o pobre objetivo instrumental de simples ferramenta para formação e
operações técnico-mercadológicas. É o
fim da natureza epistemológica mesma, dessas disciplinas.
8 - DESNATURALIZA O HUMANO PELA TECNIFICAÇÃO OPERÁRIA.
Artes e Educação Física. - A
exclusão de Artes e Educação Física, é mais um sinal da verdadeira intenção do
governo com a tal reforma. Ora! Claramente não percebe o Governo neoliberal ou
maldosamente não quer perceber que; o ensino das Artes é uma necessidade
fundamental à formação da humanidade do homem. Somos seres racionais, mas
também somos seres de paixões e de sensibilidade perante o outro, manifestadas
pelo sentimento de solidariedade, empatia, altruísmo - base para a vida em
sociedade. Somos seres de sensibilidade e percepção do mundo, e da natureza
como materialidade deste mundo. Estes elementos estão em nós e precisam ser
descobertos e desenvolvidos, principalmente na adolescência, pois, é o
desenvolvimento da estética da sensibilidade humana perante o mundo e a vida
que nos faz, por exemplo, proteger o planeta e a vida. A razão e consciência da
sensibilidade humana são aquilo que nos aproxima do humano e nos distancia da
barbárie e da violência. É este o papel e a atribuição do ensino de ARTES.
A Educação Física, não se
limita ao exercício físico e dos músculos, também não é só prática esportiva, é
isso também, e só por isso, já seria fundamental sua obrigatoriedade, mas, há
um elemento essencial: a Educação Física guarda em sua essência a necessidade
da descoberta do corpo como guardião, casa, lugar, morada do nosso ser,
elemento material que abriga quem somos em nossa inteireza e, nos transporta na
interação com o mundo material. É onde habita a dignidade humana. A Educação
física nos mostra os limites e possibilidades, trabalha em nós o elemento
corpóreo como fator de presenticidade no mundo. - É este o ensinamento
silencioso que a Educação física imprime na formação de nossos jovens.
9 ELIMINAÇÃO DA FORMAÇÃO PARA OS VALORES ÉTICOS, DE
CIDADANIA E VISÃO CRÍTICA DE MUNDO.
Desde 2000, participo de
estudos com grupos de professores e alunos de todo o Brasil, de várias
Universidades, sobre o papel, o valor, a necessidade e importância da Filosofia
e Sociologia para a formação crítica, ética, política, humana e integral dos
nossos jovens, até conseguirmos em 2008 aprovar a inclusão obrigatória destes
conteúdos no Ensino Médio, pelo Decreto-lei presidencial nº 11.684, de 2 de
junho de 2008. Há vários textos, artigos, estudos e teses sobre este assunto,
demostrando inclusive, que historicamente, toda vez que há um governo
antidemocrático, autoritário, as primeiras disciplinas a serem cortadas do
ensino são justamente a Filosofia e a Sociologia. Foi assim na Ditadura militar
e retorna agora. Por tudo que já foi publicado e que está disponível na
internet me abdico de fazer aqui a defesa e análise do obvio.
10 – RETORNO DA EDUCAÇÃO SELETIVA E ELITISTA PARA O
VESTIBULAR.
Está claro que ao integrar os
conteúdos de (Física, Química, Biologia), (História e Geografia) e excluir(
Filosofia, Sociologia, Educação Física e Artes), para que sobre espaço e tempo
ao ensino técnico de “qualificação rápida” para o mercado, o governo estará ao
mesmo tempo, eliminando a abrangência, profundidade e a importância
epistemológica e crítica do ensino destes mesmos conteúdos, o que virá
acompanhado de uma mudança de finalidade do ENEM que deixará de ser uma porta
de entrada importante dos menos favorecidos á Universidade. Assim estará criada, a Educação superficial para os alunos
da Escola Pública, responsável por 86% das matriculas dos jovens brasileiros, a
maioria da classe pobre, enquanto na Escola Particular, com toda infraestrutura
física e de materiais, os 6 ou 8% dos jovens das classes mais ricas, receberão
a Verdadeira Educação, ampla, com profundidade e crítica. Pergunto: qual destes grupos de alunos terá
mais chances de ingressar em uma Universidade de Medicina, Advocacia,
Engenharia para ficar com os mais citados? E os 86% de alunos pobres que terão
uma formação insuficiente? Retornamos ao velho modelo de Universidade para os
ricos e cursos técnicos e trabalho para os pobres.
Por Fim, é preciso não perder
de vista que o neoliberalismo não opera apenas pelas mãos invisíveis do
mercado, opera também com os olhos cegos e os tentáculos famintos de um Leviatã
usurpando direitos sociais. Não enxerga, por exemplo; que o Ensino Médio é o
momento áureo da formação do caráter, da personalidade, dos valores, da visão
de mundo, da sensibilidade, da corporeidade, da formação e experiência do ser
significante, social, político, cultural, estético, moral e ético do
adolescente. O Ensino Médio não tem a
função primeira de formar o adolescente-operário, mas sim, de formar a
consciência do eu, da pessoa, do cidadão e do Sujeito. São estes os aspectos
que o Ensino Médio trabalha desde a LDB/96 na formação das gerações para uma
sociedade justa e politizada, formação de uma nova geração pensada na
Constituição de 1988, ainda que precariamente, por motivos de falta de
infraestrutura e valorização dos profissionais da Educação. Aliás, é esta a
verdadeira deficiência do Ensino Médio que está sendo omitida para criar uma
falsa justificativa para "reformar", ou melhor, deformar o Ensino
Médio.
Por Prof. Westerley Santos
Setembro 2016
Análise com base nos estudos da MP 746 e LDB/96
MP Nº 746 DE 22/09/2016.
http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?jornal=1000&pagina=1&data=23/09/2016
Análise da MP746 (Novo)
Análise da MP746 (Novo)
http://www.sindutemg.org.br/novosite/maladireta/boletim-informa-145.php
http://www.cnte.org.br/index.php/comunicacao/noticias/17155-analise-da-medida-provisoria-n-746-que-trata-da-reforma-do-ensino-medio.html
Mudanças na LDB/96 – Veja o antes x Depois da MP
http://www.cnte.org.br/index.php/comunicacao/noticias/17155-analise-da-medida-provisoria-n-746-que-trata-da-reforma-do-ensino-medio.html
Mudanças na LDB/96 – Veja o antes x Depois da MP
http://g1.globo.com/educacao/noticia/mp-da-reforma-do-ensino-medio-e-publicada-em-edicao-extra.ghtml
FONTES PARA PESQUISA SOBRE O ASSUNTO
EBC Agência Brasil
Como
denunciado em três artigos que publiquei em 2011 (“ver abaixo- crise no Ensino
médio ou farsa ideológica”?), efetiva-se nesta quarta (22/0916) mais um ataque
neoliberal aos direitos sociais, denominada: “Reforma do Ensino médio”. Lembrando que o tripé da ideologia neoliberal é: 1) O império do Livre mercado, 2) Retirar Direitos sociais transformando-os em serviços e 3) Desestruturação da organização social e trabalhista de classe e categorias profissionais.FONTES PARA PESQUISA SOBRE O ASSUNTO
EBC Agência Brasil
http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2016-09/governo-pode-enviar-mp-da-reforma-do-ensino-medio-na-semana-que-vem
Folha de São Paulo
http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2016/09/1813795-ministerio-da-educacao-apresenta-projeto-de-reforma-do-ensino-medio.shtml
Movimento Nacional em Defesa do Ensino Médio
https://avaliacaoeducacional.files.wordpress.com/2016/08/manifesto-movimento-ensino-mc3a9dio-2016.pdf
Associação Brasileira de Educação
http://www.abe1924.org.br/56-home/256-especialistas-pedem-cautela-na-reforma-curricular-do-ensino-medio
Folha de São Paulo
http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2016/09/1813795-ministerio-da-educacao-apresenta-projeto-de-reforma-do-ensino-medio.shtml
Movimento Nacional em Defesa do Ensino Médio
https://avaliacaoeducacional.files.wordpress.com/2016/08/manifesto-movimento-ensino-mc3a9dio-2016.pdf
Associação Brasileira de Educação
http://www.abe1924.org.br/56-home/256-especialistas-pedem-cautela-na-reforma-curricular-do-ensino-medio
Revista Educaçãohttp://www.revistaeducacao.com.br/flexibilizacao-do-ensino-medio-ganha-forca-com-novo-ministerio/
https://luizmuller.com/2016/09/22/reforma-no-ensino-medio-e-um-retrocesso-mesmo-com-filosofia-e-sociologia-dizem-professores/
https://luizmuller.com/2016/09/22/reforma-no-ensino-medio-e-um-retrocesso-mesmo-com-filosofia-e-sociologia-dizem-professores/
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BASE DA DA REFORMA
A Medida Provisória (MP 746) que está sendo
encaminhada ao Congresso Nacional propõe:
Base:
1ª
- "enxugamento de disciplinas do E. Médio Público" –
Agrupando algumas por área e, desobrigando e excluindo outras.
A
intenção é reduzir os conteúdos de formação mais humana, crítica, política, de
cidadania e valores éticos, de desenvolvimento da sensibilidade estética como
artes, Educação Física, cultura... E, incluir o ensino técnico para fins de
mercado.
2ª
- "Flexibilização para ensino técnico”- Mudança do eixo humanista e crítico-científico para técnico-operácional. Oferta do
ensino técnico para preparação de mão de obra jovem e barata em detrimento à
formação humana, científica e de cidadania.
“Flexibilizar”
significa recortar, fatiar, dividir o Ensino Médio em duas partes: uma chamada
de Base comum, que será mínima e insuficiente, (pela MP 756 apenas Português,
Matemática e Inglês) e, a segunda parte será de “livre escolha” do aluno,
conforme a “livre oferta” dos Estados. Ainda assim, o estudante poderá “cursar”
quantas disciplinas e quando quiser, claro!
Se o Estado onde mora ofertar a disciplina que ele desejar ou precisar cursar (para
fins de vestibular, por exemplo) ou, nem precisará cursar nenhuma disciplina
desta segunda parte, caso comprove, por exemplo, um notório saber prático ou
adquirido por outros meios. Em qualquer destes casos receberá um diploma
parcial dizendo que está hapto ao mercado de trabalho. É a educação self-service com cardápios de disciplinas . Na prática será um cardápio para os ricos e outro para os pobres.
3º
- Instrumentalizar o Ensino da Matemática, Português e Inglês. –
reforçar estes conteúdos utilizando-os para fins instrumentais de preparação do
aluno no aprendizado dos cursos técnicos, práticas operácionais e
procedimentais para as empresas.
A PROPOSTA REFORMA OU DEFORMA O ENSINO MÉDIO?
Análise Inicial (completa)
Análise Inicial (completa)
Integrando, enxugando e excluindo
disciplinas e conteúdos;
1
- Com a proposta o Governo foge do problema central que é o déficit e a evasão de Professores
devido à baixa atratividade, valorização da profissão, melhorias de salários e das condições
de trabalho e das escolas públicas.
2 - Evitando investir na valorização da carreira para atacar o déficit de professores, o Governo se desobriga a abrir novos concursos, melhorar salários e formação continuada dos professores, pois, diminuirá conteúdos, agrupará disciplinas, incluirá ensino técnico abrindo assim, espaço para contratação de INSTRUTORES Técnicos, pelo sistema “freelancer” (sem vínculo empregatício), no lugar de PROFESSORES com formação pedagógica e de licenciaturas, com vínculo empregatício e pedagógicos com alunos, pais, escola e educação. - É A TRANSFORMAÇÃO DA EDUCAÇÃO EM NEGÓCIO, PASSANDO-A DE UM DIREITO, PARA UM SERVIÇO OU PRODUTO.
3 – Agrupando as disciplinas em áreas o governo cria a figura do professor generalista em Humanas, Da Natureza etc... Assim, diminui a necessidade de contratação de professores para as disciplinas específicas e, aumenta o conteúdo a ser trabalhado pelo mesmo professor, comprometendo a profundidade e abrangência dos conteúdos para o aluno, o que prejudicará a qualidade da educação básica. É A EDUCAÇÃO SUPERFICIAL OU SIMBÓLICA para a classe pobre.
4 – A Educação enxuta atingirá massivamente os jovens das classes menos favorecidas (86%) atendidos pela escola pública. Como a escola particular possui recursos econômicos, materiais e atende a uma minoria de posses, poderá ofertar um estudo mais aprofundado e de qualidade para o seus alunos, assim estará institucionalizada a distinção de classe na educação. Uma educação superficial e técnica para os filhos dos pobres e uma educação aprofundada e abrangente para os filhos dos ricos. - É A EDUCAÇÃO DOS POBRES E A EDUCAÇÃO DOS RICOS.
5 – Contratação de Professor Freelancers ou com notório saber (sem formação em licenciatura ou pedagogia). Estas medidas estão atreladas a mudança na lei trabalhista que aumentará a carga horária de trabalho, priorizando o negociado sobre o legislado, o que possibilitará mais horas de trabalho para o professor, tendo em vista escola de tempo integral, e, a contratação sem concursos de profissionais técnicos e autônomos para dar aulas no sistema de horas ou produtividade. - “Professor Freelancer”. - É A TRANSFORMAÇÃO DO PROFESSOR EM PRESTADOR DE SERVIÇO AUTÔNOMO.
6 - Com o sistema de trabalho “freelancer”, o governo visa abrir espaço para contratar professores estrangeiros (autônomos) ou alguém com "notório saber" ( sem formação didático-pedagógica) para suprir o déficit de professores, sem investir na profissão e, precarizar direitos trabalhistas e de organização sindical. -E A TRANSFORMAÇÃO DA DOCÊNCIA EM "BICO".
7 - Português, Matemática e Inglês - com a obrigatoriedade apenas destes três conteúdos o governo sinaliza sua verdadeira intenção. A pergunta é: por que a obrigatoriedade somente destes três conteúdos? Simples! O mercado, a ideologia neoliberal exige, necessita que a mão de obra (jovem e barata) tenha no mínimo o domínio básico da leitura e da escrita para que o jovem empregado seja capaz de ao menos, ler os manuais.
Quanto a Matemática, que o jovem trabalhador seja capaz de exercitar no mínimo,
as quatro operações, ler um gráfico, uma planilha simples nas máquinas e
computadores da automação das fábricas. Por exemplo: um assistente de mecânico
de automóveis hoje, precisa ler e calcular os dados do computador que faz a
varredura do motor dos novos automóveis que são comandados por 70% de componetes
eletrônicos.
Por fim, a língua Inglesa é uma exigência do mercado globalizado, já que os componentes são importados com seus manuais muitas vezes em inglês. Tudo isso significa que o ensino e aprendizado destas disciplinas deixa de ser para uma finalidade de desenvolvimento crítico, cognitivo, linguístico e de domínio dos signos culturais da linguagem para o sujeito operar sócio-político e culturalmente em sociedade. Deixa de ser um meio de compreensão lógica das relações e proporções, da percepção e investigação lógico-matemática na solução de problemas e construção de alternativas de vida, (Matemática) e passam, (Português, Inglês e Matemática) a figurarem na escola, com o pobre objetivo instrumental de simples ferramenta para formação e operações mercadológicas. É O FIM DA NATUREZA EPISTEMOLÓGICA MESMA, DESSAS DISCIPLINAS, AINDA QUE NEGUEM.
8 - Artes e Educação Física. - A desobrigatoriedade destas duas disciplinas é mais um sinal da verdadeira intenção do governo com a tal reforma. Ora! Claramente não percebe o Governo neoliberal ou maldosamente não quer perceber que; o ensino das Artes é uma necessidade fundamental à formação da humanidade do homem. Somos seres racionais, mas também somos seres de paixões de sensibilidade perante o outro, manifestada pelo sentimento de solidariedade, empatia, altruísmo - base para a vida em sociedade. Somos seres de sensibilidade e percepção do mundo e da natureza. Sensibilidade manifestada pela contemplação do belo, enchimento do espírito e da alma com este sentimento de esplendor perante a imensidão e o mistério do mundo natural e social. Estes elementos estão em nós e precisam ser descobertos e desenvolvidos, principalmente na adolescência, é o desenvolvimento da estética da sensibilidade humana perante o mundo e a vida: a razão e consciência da sensibilidade humana, aquilo que nos aproxima do humano e nos distancia da barbárie e da violência. É este o papel e a atribuição do ensino de ARTES. Sem o ensino das Artes estaremos DESNATURALIZANDO O HUMANO PELA TECNIFICAÇÃO DO OPERÁRIO.
A Educação Física, não se limita ao exercício físico e dos músculos,
também não é só prática esportiva, é isso também, e só por isso já seria
fundamental sua obrigatoriedade, mas, há um elemento essencial: a Educação
Física guarda em sua essência a necessidade da descoberta do corpo como
guardião, casa, lugar, morada do nosso ser, elemento material que abriga quem
somos e nos interage com o mundo material, é onde habita a dignidade humana. É
este o ensinamento silencioso que a Educação física imprime na formação de
nossos jovens. O perceber-se como ser social, político, estético, moral e ético
a partir da percepção do corpo que nos compõe como pessoa humana. Corpo-pessoa-dignidade são elementos que formam nossa unidade. A Educação física atua aí, nesse contexto de formação e descoberta de nós mesmos como ser humano e social. Sem a Educação física, haverá no mínimo, O ABANDONO DOS VALORES E PRÁXIS DE SOCIALIZAÇÃO E CONVIVÊNCIAS APREENDIDAS PELO ESPORTE ORIENTADO.
9 – Quanto a Filosofia e Sociologia: desde 2000, participo de estudos
com grupos de professores e alunos de todo o Brasil, de várias Universidades sobre o papel, o valor, a necessidade e importância da Filosofia e Sociologia para a formação crítica,
ética, política, humana, integral dos nossos jovens, até conseguirmos em 2008
aprovar a inclusão obrigatória destes conteúdos no Ensino Médio, pelo Decreto-lei Presidencial nº 11.684, de 2 de junho de 2008. Há vários textos, artigos, estudos e teses sobre este assunto, comprovando que toda vez que há um governo antidemocrático, autoritário, as primeiras disciplinas a serem cortadas do ensino são justamente a Filosofia e a Sociologia. Por tudo que já foi publicado e que está disponível na internet me abdico
de fazer aqui a defesa e análise do obvio.
10 - O ESTADOS DEFINEM PARTE DO CURRÍCULO: ao permitir que os Estados definam, escolham grande parte do seus currículos conforme seus interesses, o Governo quebra a homogeneidade e a hegemonia do ensino nacional, criando a heterogeneidade do ensino por Estado. O aluno de uma região poderá não aprender o mesmo que alunos de outras regiões. Estados mais ricos poderão ofertar conteúdos que outros , por economia, não ofertarão. Professores que mudarem de Estado poderão não encontrar trabalho em outros Estados que não ofertem sua disciplina, o mesmo poderá ocorrer com os alunos , Universidades poderão ou deverão ofertar seus cursos e vestibulares conforme as disciplinas ofertadas pelo Estado a que pertençam não atendendo interessados de outras localidades que não tem determinadas disciplinas. É A LIVRE CONCORRÊNCIA DO ENSINO/APRENDIZADO DA EDUCAÇÃO BÁSICA ENTRE OS ESTADOS.
10 - O ESTADOS DEFINEM PARTE DO CURRÍCULO: ao permitir que os Estados definam, escolham grande parte do seus currículos conforme seus interesses, o Governo quebra a homogeneidade e a hegemonia do ensino nacional, criando a heterogeneidade do ensino por Estado. O aluno de uma região poderá não aprender o mesmo que alunos de outras regiões. Estados mais ricos poderão ofertar conteúdos que outros , por economia, não ofertarão. Professores que mudarem de Estado poderão não encontrar trabalho em outros Estados que não ofertem sua disciplina, o mesmo poderá ocorrer com os alunos , Universidades poderão ou deverão ofertar seus cursos e vestibulares conforme as disciplinas ofertadas pelo Estado a que pertençam não atendendo interessados de outras localidades que não tem determinadas disciplinas. É A LIVRE CONCORRÊNCIA DO ENSINO/APRENDIZADO DA EDUCAÇÃO BÁSICA ENTRE OS ESTADOS.
Por fim, está
claro que ao enxugar, excluir ou integrar os conteúdos para que sobre espaço e
tempo ao ensino técnico de “qualificação rápida” para o mercado, estará ao
mesmo tempo eliminando a abrangência e profundidade do ensino destes mesmos
conteúdos, criando assim, a Educação
superficial para os alunos da Escola Pública responsável por 86% das
matriculas dos jovens brasileiros, a maioria da classe pobre, enquanto na
Escola Particular, com toda infraestrutura física e de materiais, os 6 ou 8%
dos jovens das classes mais ricas, receberão a Verdadeira Educação, ampla, com profundidade e crítica. Pergunto:
qual destes grupos de alunos terá mais chances de ingressar em uma universidade
de Medicina, Advocacia, Engenharia para ficar com os mais citados? E os 86% que terão uma formação insuficiente? - ESTABELECE-SE
COM ESTE PLANO A DIVISÃO DE CLASSES NA EDUCAÇÃO. A EDUCAÇÃO DOS RICOS PARA OS
CURSOS SUPERIORES E, A DOS POBRES PARA OS CURSOS TÉCNICOS DE RÁPIDA DURAÇÃO, PARA O MERCADO.
O
neoliberalismo não opera apenas pelas mãos invisíveis do mercado, opera também
com os olhos cegos e os tentáculos famintos de um Leviatã. Não enxerga, por
exemplo; que o Ensino Médio é o momento áureo da formação do caráter, da
personalidade, dos valores, da visão de mundo, da sensibilidade, da corporeidade, da formação e experiência do ser significante, social, político, cultural, estético, moral e ético... O Ensino Médio não tem a função primeira de formar o adolescente-operário, mas sim, de formar a consciência do eu, da pessoa, do cidadão e do Sujeito.
São estes os aspectos que o Ensino Médio
trabalha, ainda que precariamente, por motivos de falta de infraestrutura e
valorização dos profissionais da Educação, por parte dos governos. Esta é a verdadeira deficiencia do Ensino Médio que está sendo usada agora como justificativa para " reformar" ou melhor deformar o Ensino Médio priorizando uma “formação técnica diminuta de nossos adolescentes” para fins
mercadológicos.