quinta-feira, 15 de novembro de 2012

''Distrações digitais'' emburrecem a juventude







''Distrações digitais'' emburrecem a juventude, afirma especialista.

Professor dos EUA diz que muitas horas de Orkut e MSN levam jovens a só conviverem entre si
02 de junho de 2008 | 0h 00




Patrícia Campos Mello, WASHINGTON - O Estadao de S.Paulo


Uma série de pesquisas realizadas nos últimos anos mostra que a ignorância dos jovens americanos é epidêmica. Em levantamento de 2002, 52% dos jovens escolheram Japão, Alemanha ou Itália como aliados dos Estados Unidos na 2ª Guerra Mundial. Em uma pesquisa de 1998, só 41% sabiam apontar os três poderes do governo (Executivo, Legislativo e Judiciário), enquanto 59% sabiam identificar os Três Patetas pelo nome. Mais de 64% sabiam o nome do último vencedor do American Idol, mas só 10% sabiam o nome da presidente da Câmara dos EUA. E 25% não sabiam que Dick Cheney é o vice-presidente do país.
Para Mark Bauerlein, professor da Universidade Emory, em Atlanta, e ex-diretor de Pesquisa e Análise na Fundação Nacional para as Artes, são as "distrações digitais" como mensagens instantâneas, sites de relacionamento como Orkut, MySpace e Facebook, e mensagens de texto pelo celular que estão emburrecendo a juventude. Em seu livro The dumbest generation: How the digital age stupefies young americans and jeopardizes our future (A mais burra das gerações: como a era digital esta emburrecendo jovens americanos e ameaçando nosso futuro), que acaba de ser lançado e vem causando polêmica, Bauerlein argumenta que o excesso das chamadas "distrações digitais" está por trás da crescente falta de cultura dos jovens.
"Os jovens de hoje são tão mentalmente competentes quanto os de 20 anos atrás, e têm muito mais oportunidades de adquirir conhecimentos, mas eles estão deixando de lado os hábitos intelectuais e se dedicando cada vez mais à comunicações ?peer to peer? (compartilhamento de arquivos online)", disse Bauerlein ao Estado. "Se você entra no quarto de um jovem de 15 anos vai encontrar o iPod, TV, computador, videogame, e tudo isso vem antes do livro na escala de prioridades."
De acordo com o Panorama de Aplicação dos Estudantes, 55% dos alunos de ensino médio estudam ou lêem menos de uma hora por semana. Em contrapartida, passam nove horas navegando em sites de relacionamento. Estudo de 2005 da Kaiser Foundation mostra que, em um dia, em média, jovens de 8 a 18 anos assistem à TV durante 3 horas e 4 minutos, passam 48 minutos navegando na internet, 14 minutos lendo revistas, 23 minutos lendo livro, 49 minutos jogando videogame, 32 minutos assistindo a DVD. "Eles tiraram toda sua concentração de livros, revistas, jornais ou museus e transferiram para diversões virtuais."
Mas será que todos esses instrumentos digitais não trazem conhecimento também? "Se eles usassem a internet para entrar no site da Galeria Nacional de Artes, seria maravilhoso; mas nove dos dez endereços de internet mais visitados por jovens são de sites de relacionamento, segundo a Nielsen."
O problema, alerta Bauerlein, não é a tecnologia, mas o uso que se faz dela. "Os adolescentes de 15 anos só se importam com o que outros adolescentes pensam. Isso sempre foi assim. Mas hoje a tecnologia permite que os adolescentes estejam em contato entre eles, excluindo os adultos, 24 horas por dia." Os jovens ficam em contato o dia inteiro, por meio do celular, páginas da internet, mensagens instantâneas. "A tecnologia ligou os jovens de uma forma tão intensa que os relacionamentos com adultos estão diminuindo. Eles estão cada vez menos maduros, prolongando a adolescência até os 30 anos."
E como lidar com essa onipresença de distrações digitais? "Não se trata de eliminar esses instrumentos da vida dos jovens, não se pode fazer isso; mas é preciso chegar a um equilíbrio", diz. "Os pais deveriam estabelecer um determinado período, por exemplo, uma hora por dia, em que jovens e adultos precisam estar totalmente desconectados de qualquer coisa, e se dedicam a ler."
E nada de fazer mais de uma tarefa ao mesmo tempo - falar no celular e mandar e-mail, ouvir música e navegar. Para ele, essa é uma das pragas modernas. "Uma pessoa não consegue ler enquanto faz outra coisa."

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,distracoes-digitais-emburrecem-a-juventude-afirma-especialista,182306,0.htm

sábado, 3 de novembro de 2012

A IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA


O texto abaixo foi de livre iniciativa da aluna do Ensino Médio/BH  como reflexão e crítica sobre um vídeo dado em aula. Publicação e autenticidade autorizada e confirmada pela autora. 31/10/2012


Texto: Ana Paula Guilherme/303

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Cartas Filosóficas nº 29








CARTA A QUÉM SE QUER
Nº 29
M

E ACOMETE subitamente uma reflexão que a justa indignação não me permite guardá-la só para mim.

É sobre o quão me é difícil progredir no caminho da verdade e da retidão ética numa terra em que a virtude parece agonizar nos cativeiros escuros de uma moral putrificada e carcomida pelos vermes da corrupção de todo tipo, e, que parece ser da natureza dos homens desse tempo, quando não acredito ser da natureza humana tal mal.

Que mal é este que afeta a todos em todo lugar e que parece brotar e se espalhar como uma epidemia matando primeiro os valores mais humanos?

Neste meio sinto-me como se caminhasse descalço por entre espinhos ponteagudos que expelem o veneno da desonestidade e da injustiça, como cicuta que envenena antes o corpo que a alma dos justos.

Destilar tal veneno parece ter se tornado regra geral dessa sociedade anímica de valores fortes e perenes...

E sigo estropiado procurando apoiar-me quase que só com as pontas dos pés, nos raros espaços limpos onde ainda há um clarão de valores como a ética e a justiça em que possa me apoiar para que me oriente nesta caminhada árdua e inglória.  

Inevitavelmente me entrego às comparações que talvez não devesse fazer e a conclusões por isso mesmo, temerosas.

Indago-me a cada perfuração que sofro dos espinhos da injustiça, lançados contra mim a todo tempo, por mãos e mentes insanas que sequer se condoem com suas maldades, antes pelo contrário, se vangloriam de tê-las cometido contra quem em nome do bem, da sinceridade, da justiça e da crença na bondade humana, não se postou a revidar seus ataques. – Pobres homens covardes, se escondem do medo da verdade e da justiça, na proteção infame da mentira e da injuria!

 Sinto esvaziar minha fé, neste homem, nesta sociedade e em quem os criou!  

Meus questionamentos não cessam de me perturbar e indagar-me sobre o que há no coração humano que o faz desumano. Se minhas reflexões não me curam, ao menos, me servem de paliativos para aliviar minha dor.

Parece que não sou daqui, parece que não sou desse tempo, parece que não sou desse mundo, sinto-me um estranho, parece que me fiz só e dissonante de tudo isso.

Mas, pode alguém se fazer a si próprio, sozinho? Pode alguém construir por si só o que lhe é imprescindível para que seja um sujeito?

Em verdade não sei dizer. Se olhar para minha trajetória neste mundo nauseante, confesso que sou tentado a dizer que sim.

O que precisa um indivíduo para se fazer um ser ético nesta sociedade?  Família? – não a tive! Foi preciso que eu mesmo construísse uma para me sentir parte de alguma e me fazer um ser social.

E o que precisa um indivíduo para se fazer mais humano? Educação? – não a tive! Foi preciso que eu mesmo me educasse nas letras, nas leis, nas artes, na filosofia em fim para me tornar um sujeito com alguma consciência crítica desse mundo e de mim mesmo. Foi preciso que eu mesmo me educasse para que a educação me transformasse em sujeito, ainda que torto em meus pensamentos.

Amigos? Nunca os tive, pelo menos no sentido de amizade que entendo e no grau de verdade e pureza de sentimentos que dedico àqueles que tenho amizade, e que esse conceito exige e que faço questão de honrá-lo em seu sentido mais restrito. - São meus amigos apenas os livros, pois, esses dizem o que pensam e não me querem mal.

E a Filosofia, que não me deixa sofrer do mal da ignorância perene, pois ela é para mim, sempre a possibilidade do esclarecimento e da consciência, necessários para que eu continue nesta trajetória de caminhos tortuosos, mas sobre a trilha da retidão e da fé na bondade humana. Creio sim! Mas com um grau de frustração, talvez vinda da incompreensão de tanta dificuldade e dor no coração de quem traz em si a ingenuidade da compaixão pelo ser humano e a decepção com os homens desse tempo.

O que resta então ao indivíduo para que se faça ético e por isso humano, neste mundo de seres cada vez mais desumanos?

Que tenha uma profissão e renda? Posso dizer que tenho alguns ofícios, nenhuma renda, mas por escolha própria. Não escolhi o caminho dos vendilhões do templo, dos mercadores de si mesmos que vendem primeiro suas almas, seus corpos, sua dignidade, sua liberdade e por fim sua felicidade ao dinheiro para poder obtê-lo cada vez mais. Não! Decidi dedicar-me à filosofia, o único meio que acredito ser possível realizar a existência humana neste mundo de paradoxos.

Pago o preço de minha escolha eu sei, todo o resto é para mim, apenas passar o tempo de vida enquanto permaneço nesta existência. E se é para passar o tempo enquanto vivo, que eu não o passe acorrentado nos grilhões deste mundo de corrupções e de sombras feito a caverna de Platão. 

Mas sei que até a filosofia carece de um meio para se fazer pródiga, e este meio não é outro senão, a educação e tudo aquilo que advém dessa prática.

Foram então, esses os motivos de minha escolha de vida que na verdade é a conseqüência do do ser que sou e motivo de toda crítica e pressão, agressões e afastamentos por parte daqueles que julgava serem meus amigos, mas, que me destinaram todo desprezo e aviltamentos, talvez por não compreenderem minhas escolhas.

Não percebem que substituem os meios pelos fins, os objetos pelas pessoas, as coisas pela essência, a servidão pela liberdade, o dinheiro pela felicidade, e não raramente, se iludem, pensam estar vivendo e aproveitando a vida quando muito, estão mesmo é passando pela terra acorrentados nos grilhões da miséria humana que é a ignorância de tomar o falso pelo verdadeiro e, constroem suas vidas como os engenheiros constroem prédios, colocam um andar sobre o outro e sobre outro e outro, numa verticalização insana como se tentassem atingir os céus e tocar o dedo de Deus, sem saberem que erguem as paredes do próprio presídio, decoram suas fachadas com os mais belos afrescos e mais caras pedras de carrara e, quando estão nas alturas percebem que todo o edifício construído está fundado sobre o terreno arenoso das intempéries do dinheiro e da efemeridade dos objetos e, ao primeiro movimento negativo de suas contas bancárias, todo o edifício desaba como as torres gêmeas (1). 
Substituem a felicidade pela satisfação, o sentir pelo prazer, a necessidade pela vaidade, o amor pelo poder. Sequer, parecem refletir sobre o para quê estamos no mundo? Pois como nos diz Sócrates: uma vida sem reflexão não é digna de ser vivida. E eu digo e sei que Sócrates assim procedia; que nenhuma reflexão dignifica a vida se não for para ensinar a viver bem.

Não sou um ser feito, por que não sei como me fazer a mim mesmo, mas fiz a escolha de minha morada; no terreno dos sentimentos calcei, penso, com as pedras da verdade, da justiça, da ética e da compaixão a base do que quero edificar.

Sei que cada escolha traz consigo uma renúncia e cada renúncia tem seu preço. Pago o valor da escolha no preço da renúncia; 

O valor é me tornar mais humano; o preço é sofrer as desumanidades daqueles que me julgam pelo que fazem.

O valor é querer e ser ético; o preço é ser aviltado, o valor é tentar ser justo; o preço é ser injustiçado, o valor é ser livre, o preço é ser vilipendiado.

Contudo, ainda assim sigo reto na direção daquilo que me move; a crença de que há em cada um, a semente do bem, não na sociedade e na moral, mas na humanidade e no coração.



Maio/2007

terça-feira, 10 de julho de 2012

FILOSOFIA E OBJETIVIDADE

 

FILOSOFIA  E OBJETIVIDADE

Há tempos a questão da objetividade na filosofia aparece nos encontros, seminários e debates acadêmicos ou mesmo nas discussões em sala de aula. É uma questão, ou melhor, uma inquietação que parece perseguir a Filosofia desde sempre, ainda que na esteira ou na sombra de outras perguntas de mesma natureza como: para que serve a filosofia? Qual sua finalidade e utilidade?

Bem! Em um seminário na academia, após ter sugerido em uma fala descontraída, que a Filosofia e, portanto, os filósofos e estudantes carregam em si um aspecto blasé característico, fui prontamente refutado por um participante que defendeu imperativamente a objetividade na Filosofia, entendendo, talvez, que eu teria dito algo neste sentido.  Como o tema do encontro não passava por esta questão, achei melhor não abrir a discussão, mas o participante foi embora com a idéia de que a filosofia é objetiva.

Em tempo, é preciso desfazer este equívoco principalmente aos jovens estudantes, futuros professores. A filosofia não é e nem deve ser objetiva, com pena de se negar a si mesma negando sua própria natureza. 

A objetividade é uma qualidade daquilo que é objetivo, e este conceito diz respeito ao objeto, que é aquilo que se refere ao mundo exterior, que existe fora do espírito humano e independentemente do conhecimento que dele possua o sujeito pensante. Portanto, objetividade e objetivo são o que se refere aos objetos exteriores ao homem, que estão ou fazem parte do mundo exterior. E que mundo é este dos objetos? É tudo aquilo que não é do interior do homem. E sim do mundo posto, da realidade da natureza, da materialidade exterior da physis.

Desde Sócrates e novamente na modernidade que o estudo particular deste mundo dos objetos não pertence à área de prioridade da Filosofia, pertence sim, as Ciências.  Os objetos da natureza são matéria de investigação e estudo próprios das ciências naturais e em parte das Biológicas, com a ajuda da Matemática. Alias, foi nesta intenção de se dedicar a este mundo objetivo das coisas da natureza que as Ciências modernas surgiram e se desgarraram do tronco da filosofia. A Química, a Física e a Biologia, por exemplo, se preocupam, no conjunto, com os elementos formadores da natureza, com os fenômenos físicos e biológicos desta natureza.

Por se ocuparem dos objetos da physis (entes da natureza) as Ciências puderam desenvolver um método também objetivo e técnico para compreender estes entes, o que se tornou elemento de distinção entre Filosofia e Ciência. O método experimental, quantitativo, que entre outras técnicas, trabalha com a mensuração do objeto pesquisado como peso, tamanho, textura, temperatura, datação etc. São métodos objetivos, da objetividade (aquilo que proveio do objeto) é uma prerrogativa das Ciências e deve ser, pois, se esta se distanciar do objeto externo que está na natureza e se aproximar dos elementos e atributos internos do homem, A Ciência corre o risco de se tornar Filosofia, Religião ou Arte. Ela perde seu scopo de pesquisa do mundo físico e se torna uma metafísica. A Ciência tomou para si a responsabilidade pela descoberta de como este mundo externo ao homem, funciona. Por isso mesmo não se confunde com a Filosofia e não pode entrar no universo das subjetividades humanas, não deve se tornar subjetiva, caso contrário deixa de ser Ciência, no sentido moderno.
                                                                                                               
Pela comparação entre a finalidade primeira da Filosofia e da Ciência pode se deduzir que à Filosofia não cabe a objetividade do mundo das coisas e sim, a subjetividade do mundo do homem. Aliás, esta foi a principal contribuição de Sócrates, quando trouxe a Filosofia dos Céus para Terra, propondo uma Antropologia a partir da máxima “Conheça-ti a te mesmo” definindo aí, a subjetividade humana como área prioritária da investigação Filosófica.

Mas o que é a subjetividade? É aquilo que se opõem à objetividade. O subjetivo é antônimo ao objetivo. A subjetividade é o que pertencente ou é relativo ao sujeito. Que está somente no sujeito, no eu; que se passa ou existe no espírito.  Diz-se de uma ação oriunda do espírito e da razão, portanto do sujeito, não está e nem se origina do objeto, é propriedade inerente do ser. Neste sentido, como ponto de partida, aprioristicamente, está nesta concepção um princípio metafísico e não físico como os entes da natureza.  Subjetividade é um campo onde habitam os “entes de espírito humano” como: as paixões, os sentimentos, as tormentas, as angustias, o pensamento, as reflexões, as críticas, os juízos, os valores, a moral, em fim, as vicissitudes, virtudes e idiossincrasias puramente humanas, seria, portanto, o campo próprio de investigação da Filosofia e não das Ciências da physis.

Por se ocupar das subjetividades humanas que são holísticas, complexas e múltiplas, a Filosofia não tem um método apenas e não utiliza de experimentações quantitativo-matemáticas, a Filosofia não se prende a mensurações, não pesa, não calcula, não mede a temperatura a umidade ou viscosidade das vicissitudes humanas, ela investiga pela razão, é uma ação cognoscente de observação, problematização, analisa, reflexão, avaliação e julgamento que se reverbera, especula racionalmente os atributos do sujeito e suas relações consigo mesmo e com o outro no mundo histórico, cultural e valorativo. Por isso mesmo é um exercício de subjetividade e não de objetividade.

Ao contrario das Ciências a Filosofia não faz experimentos faz avaliações e crítica. Portanto não se detém ao objeto e sua objetividade, mas sim ao sujeito e sua subjetividade. E assim deve ser caso contrário toda a metafísica, ontologia, axiologia e mesmo a epistemologia se tornariam ciências, no sentido moderno do termo.

E aos que imaginam que ao menos os resultados das investigações filosóficas são ou deveriam ser objetivos (agora no sentido do senso comum), digo que nem nestes casos a filosofia pode ou deveria ser objetiva. A objetividade nas apresentações da expressão do pensamento sempre me pareceu um modo de censura e de imposição do tempo mecânico sobre o tempo da reflexão. Não! Não existe objetividade de expressão em filosofia, a objetividade não é atributo da linguagem humana, do mesmo modo não é própria da linguagem filosófica que tem por método o valor de verdade já na raiz mesma dos termos e conceitos, o que de entrada exige da reflexão filosófica, uma pesquisa semântica e lógica demorada e longa no uso dos termos. A objetividade coaduna com o pensamento descritivo não com o pensamento crítico, este é dialético, movimenta-se em uma espiral sem fim, em um vai e vem progressivo e ascendente necessário à sua própria construção.

O pensamento crítico expresso em palavras ou não, é demorado e paciente. O máximo de “objetividade” que se pode esperar da expressão do pensamento filosófico é a síntese do raciocínio, que também para ser o mais “objetivo” dependerá da reflexão demorada, própria do pensamento dialético do qual a síntese proveio. Então, mesmo a síntese não pode ser objetiva (no sentido do sendo comum). Quando o pensamento complexo se encontra com a objetividade das palavras, não se configura aí uma objetividade da expressão filosófica ou literária, como se pensa. Configura-se sim, uma arte, a arte da poieses, o que não é nem expressão da filosofia nem da literatura, mas um terceiro elemento que é a síntese delas configura-se a arte da poética.

Por tudo, nem pelo scopo da Ciência, nem pelo telos da Filosofia, nem pelo método ou pelo pensamento e expressão, a Filosofia não se refere ao objeto, logo não pode ser objetiva, não é de sua natureza ontológica, não é de sua práxis dialógica, ainda que toda racionalidade instrumental moderna tente torná-la tecnicamente objetiva.

Westerley Santos – Prof/Filósofo – Br.
Julho/2012