sexta-feira, 16 de setembro de 2011

RELATO DE VISITA FEITA A ESCOLAS DE BH COM SUBSTITUTOS


(Já que não estamos num Estado de Direito e muito menos democrático, omitirei os nomes des pessoas e das escolas para evitar represálias)

Nesta semana estive visitando três escolas e tive a oportunidade de conversar com 18 Diretores e uma inspetora numa reunião, além de alguns alunos.

O que pude observar nestas três escolas foi poucas salas com 12 ou 13 alunos aproximadamente, assistindo “aulas” precárias de Biologia (com profissional da área da enfermagem), Matemática (com profissional da engenharia), História (com advogado), Filosofia (com jornalista). Foi uma visão deprimente, ver como aqueles poucos alunos estão sendo ludibriados pelo governo e por pessoas sem escrúpulos que não conseguindo vagas em suas áreas  profissionais, se submetem a este papel enganando os alunos e interferindo e prejudicando a mobilização de nossa categoria.

Na conversa com os Diretores, estes me disseram que em suas escolas ( BH, Sta Luzia, Contagem e Betim) a greve está forte entre professores do Ensino Médio, mas no ensino fundamental poucos estão parados. Inclusive uma delas me relatou que uma Superintendente a orientou a dispensar uma vice que apoia a greve.

A inspetora me informou que pelas contas (não divulgadas) do governo, próximo de 50% das escolas de BH estão parcialmente ou inteiramente paralisadas. Também informou que há uma orientação interna nas Metropolitanas proibindo funcionários de comentarem sobre a greve e a favor dos professores. É a lei do silêncio associada a uma lavagem cerebral no sentido de colocar os funcionários contra os professores. - Realmente estive numa Superintendência e a fala de uma funcionária foi contra os professores e em defesa do governo na questão da Rede Minas e subsídio.

Os alunos me disseram que as “aulas são muito ruins e que os substitutos não sabem dar aulas, apenas mandam os alunos ler os capítulos dos livros” e que eles (alunos) estão freqüentando uns dias e outros não. - Realmente passando pelos corredores e verificando as poucas salas com “aulas” o que vi foram grupos de alunos aguardando o fim do horário (reduzido) enquanto os substitutos sentados na cadeira do professor manuseiam seus celulares. Obviamente sem nenhum compromisso com a educação, o ensino ou com o aluno.

Bem, este relato é para demonstrar a falácia da substituição promovida pelo governo, está capenga, frágil, para não dizer ridícula. Por isso mesmo,  entendo que o Sindicato com o apoio das organizações estudantis, deve fazer uma intervenção contínua junto aos alunos que ainda estão freqüentando estas ‘aulas” esclarecendo que eles estão sendo ludibriados.

A situação é tão precária que estou convencido que basta algumas faixas nas portas das escolas, panfletagem ou reuniões das organizações estudantis com estes alunos para por fim a esta farsa da substituição.

Em paralelo defendo um comunicado na TV e jornais cobrando destes substitutos uma posição de ética profissional perante a sua própria profissão e a categoria dos professores, não se submetendo a este papel.

IMPORTANTE: sugiro ao Sindute enviar ofícios, representações etc. à OAB e aos Conselhos Profissionais Regionais destes substitutos, cobrando o princípio da ética profissional, já que estão atuando e interferindo no sentido de prejudicar uma outra categoria profissional ( a dos professores). 
Agora entendi por que a irresponsabilidade do governante é tipificada na lei 1079/50 como crime!
Abraço!!
  MG/BRASIL

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

100 DIAS DE GREVE DOS PROFESSORES ESTADUAIS DE MG


Foto: DANIEL IGLESIAS/O TEMPO 


Cerca de 9 mil trabalhadores tomaram essa decisão em assembleia, após 100 dias de greve. Nesta sexta-feira (16/09), às 18h, na Praça da Liberdade, a categoria faz panfletagem durante a inauguração do relógio da Copa do Mundo de 2014 pelo governador do Estado.

Reunidos em assembleia estadual, nesta quinta-feira (15/09), no Pátio da ALMG, cerca de 9mil trabalhadores e trabalhadoras em educação da rede estadual decidiram manter a greve por tempo indeterminado, depois seguiram em passeata rumo à Praça Sete.

O movimento teve início dia 08 de junho e o que motiva a categoria a manter essa greve histórica, que chega hoje ao seu centésimo dia, é o cumprimento do Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN), regulamentado pela Lei Federal 11.738.

Panfletagem - Nesta sexta-feira (16/09), às 18h, o Sind-UTE/MG, haverá uma panfletagem na Praça da Liberdade durante a inauguração, pelo governador Antonio Anastasia, do relógio da Copa do Mundo de 2014. A categoria aproveitará o momento para fazer uma interlocução com a população belo-horizontina sobre o movimento, quando também pedirá o seu apoio. O investimento em educação é o que os trabalhadores da educação querem do governo e num momento em que se fala em Copa do Mundo, em tantos gastos e investimentos, porque não incluir neste cenário também a educação?

Fonte: site sindute/MG

MINISTRO HADDAD DIZ QUE MINAS TEM VERBA PARA PAGAR O PISO...


(...) "Além disso, segundo o Ministro, Minas tem recursos para pagar o Piso Salarial".
Confira no Boletim abaixo!



quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Greve dos Professores: DEPOIMENTO SINTÉTICO E VERDADEIRO

14/09/2011 - 15h06
christine rocha
montes claros
Ainda não entendo o que está ocorrendo em MG. Será que não existe autoridade nesse país? Que país é esse meu Deus que leis não são cumpridas quando essas vêm em benefícios dos mais necessitados? Que inversão de valores são essas em que os nossos representantes políticos, leiam-se nossos empregados, eleitos para representar nossos interesses e direitos,pagos por nós cidadãos honestos, lutadores, se submetem aos delírios de um ditadorzinho por interesses próprios? Onde está a justiça que se apresenta como uma prostituta fazendo todas as vontades de um homem sem caráter e sem escrúpulos? Onde está a presidente e seu ministro da educação que atuam como espectadores desse circo de horrores? OH Minas Gerais!! Quem hoje te conhece não acredita no que um dia foi!Libertadora. Liberdade ainda que tardia! Liberdade para quem? Para a imprensa comprada? Para a justiça e legislativos vendidos? Quando a verdade será revelada? Quando de fato o professor será tratado com respeito? E para voces que emitem opiniões ofensivas para o movimento grevista: "SAIBAM QUE SE ESTÁO LENDO E ESCREVENDO PALAVRAS TORPES, DANDO SUAS OPINIÕES PEQUENAS, FAZ ISSO PORQUE APRENDEU COM UM PROFESSOR.Não cuspa naquele que um dia te deu a liberdade para expressar, poderá ser voce que estará em meu luga.>"
Fonte: site O Tempo

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

I - O CAOS NA EDUCAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA....

'Não há como o ensino público não ter melhorado', diz Haddad sobre Enem Segundo o ministro, é ‘praticamente impossível ter piorado’ a escola pública.
Ele comentou os resultados do Enem 2010.
Sandro Lima Do G1, em Brasília*

 
O ministro da Educação, Fernando Haddad

O ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (12), ao comentar os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2010, que “não há como o ensino público não ter melhorado”. Segundo ele, é “praticamente impossível ter piorado a qualidade da educação na escola pública".

O MEC divulgou nesta segunda-feira as notas das escolas que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio no ano passado. Somente 13 escolas públicas aparecem na lista das cem melhores instituições de ensino do Enem 2010.
As notas por escola foram divididas pela porcentagem de participação dos estudantes no exame. No grupo principal, com mais de 75% de participação, o "top 100" é formado por 87 escolas particulares e 13 públicas. Aumentando o universo para as mil escolas com mais de 75% de participação que obtiveram melhor desempenho no exame, o Enem tem 926 privadas e apenas 74 públicas.

De acordo com Haddad, “o Brasil, na média, melhorou, isso nós sabemos. E para o Brasil ter melhorado, como 88% da matrícula é de ensino médio público, não há como o ensino púbico não ter melhorado”. A nota média nas provas objetivas passou de 501,58 pontos para 511,21 pontos em 2010.
“Não teríamos um incremento de dez pontos, como tivemos, se a rede pública não tivesse melhorado seu desempenho. Agora resta saber se as desigualdades diminuíram, é isso que nós vamos estudar neste momento”, completou o ministro.

“Na média nacional, houve uma melhora dos estudantes em todas as disciplinas, houve uma melhoria da qualidade, mesmo considerando o fato que mais alunos fizeram a prova”, disse Haddad. O ministro afirmou que, a partir dos resultados, vai ser verificado o que é preciso modificar nas políticas públicas para que as médias continuem aumentando e as desigualdades se reduzindo.

 

 'Não é surpresa', diz Inep
A presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Malvina Tuttman, afirmou que o desempenho das escolas no Enem 2010 "não é uma surpresa" e que o órgão “não se preocupa com a questão do ranking” das escolas no exame.


Em entrevista à Globo News (veja ao lado), Malvina disse que a preocupação do Inep é encontrar a melhor forma de divulgar os resultados. As notas do Enem mostraram que apenas 13 escolas públicas aparecem entre as cem melhores do exame entre as instituições com mais de 75% de participação dos alunos na prova. "O resultado não é uma surpresa se analisarmos a educação do país. Ela vem evoluindo, há investimentos importantes, mas temos de avaliar os resultado no contexto geral da educação brasileira", disse Malvina.

Segundo ela, as escolas devem evitar fazer comparações com os concorrentes. "Toda escola deve usar estes dados comparando com o seu resultado no Enem anterior. O importante é verificar qual o esforço que cada escola está fazendo para melhorar o seu processo educativo", ponderou a presidente do Inep.
O Ministério da Educação mudou o critério de divulgação das notas por escola do Enem. Foram criadas quatro categorias de acordo com a porcentagem de participação no Enem 2010: de 75% a 100% (17,8% das escolas); de 50% a 74,9% (20,9% das escolas); de 25% a 49,9% (33% das escolas); e de 2% a 24,9% (27,4% das escolas)
De acordo com a nota técnica divulgada pelo MEC, não se deve misturar as categorias para comparação de desempenho entre as escolas. As escolas que tiveram menos de 2% de participação não foram consideradas. De acordo com o MEC, a média de participação dos estudantes no Enem 2010 foi de 56,4%.

Segundo Malvina, a mudança no critério de divulgação das notas essa divisão foi considerada com o objetivo de dar ao público em geral a possibilidade de visualizar a posição das escolas de acordo com o número de estudantes que fizeram a prova.

"O Inep não se preocupa com a questão do ranking". "A gente procura verificar qual é a melhor forma de divulgar os resultados. Consideramos importante subdividir em quatro categorias, para termos a possibilidade dos pais, alunos e pesquisadores poderem realizar uma análise mais técnica e científica dos dados."
As notas por escola foram divulgadas nesta segunda-feira pelo Ministério da Educação e divididas pela porcentagem de participação dos estudantes no exame. No grupo principal, com mais de 75% de participação, o "top 100" é formado por 87 escolas particulares e 13 públicas. As escolas têm até 30 dias para recorrer das notas obtidas no exame.

Evitar distorções
Escolas com menos de 2% de participação não foram consideradas. Segundo o MEC, por causa da diversidade na taxa de participação no Enem, não é possível tecnicamente estabelecer comparações entre os resultados dos diferentes grupos. O ministério optou por criar as quatro categorias para evitar comparações equivocadas e a criação de rankings distorcidos. Como o Enem não é obrigatório, uma escola poderia selecionar seus melhores alunos e obter uma média alta, número que seria diferente se todos os seus estudantes participassem. Devido a esta nova forma de divulgação o MEC atrasou a divulgação das notas, que estava prevista para julho.


Nenhuma escola estadual ou municipal aparece entre as cem primeiras do Enem. As escolas públicas que se destacaram são colégios de aplicação de universidades, colégios militares, escolas federais e escolas técnicas. Aumentando o universo para as mil escolas com mais de 75% de participação que obtiveram melhor desempenho no exame, o Enem tem 926 privadas e apenas 74 públicas.
O desempenho dos alunos melhorou em relação ao Enem anterior. A nota média geral das escolas subiu de 501,58 em 2009 para 511,21 em 2010 e a participação dos alunos que concluíram o ensino médio regular no ano anterior passou de 45,8% em 2009 para 56,4% em 2010. A participação no Enem dos alunos que concluíram o ensino médio regular aumentou de 45,8% em 2009 para 56,4% em 2010.

Enem não avalia qualidade, dizem educadores
O resultado de determinada escola no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não deve ser o único critério para que pais decidam matricular seus filhos nela, afirmam especialistas em educação ouvidos pelo G1. De acordo com os educadores, a comparação entre escolas não dá pistas sobre a qualidade do ensino, e o uso do Enem como "vestibular" não mede os desafios que o estudante enfrenta no aprendizado durante o ensino médio.

Ocimar Munhoz Alavarse, professor de avaliação e política educacional Faculdade de Educação da USP, diz que “o Enem a cada ano mais está se transformando num grande vestibular” e, por isso, “derivar a qualidade da escola [a partir do ranking do Enem] é questionável”.

A coordenadora de psicopedagogia da PUC de São Paulo, Neide Noffes, afirma que “a competição e a comparação [entre escolas] não dá pistas”, porque só mostra as notas, mas “não elenca os atributos dessas escolas”. Escolher a escola ideal para os filhos, segundo ela, é uma tarefa que precisa levar em conta outros critérios.

 
Os colégios particulares dominam o topo da lista do Enem. O Colégio de São Bento, do Rio, obteve a maior média, com 761,7 pontos. Em segundo lugar aparece o Instituto Dom Barreto, de Teresina (PI), seguido pelo Colégio Vértice, de São Paulo; Colégio Bernoulli e Colégio Santo Antônio, de Belo Horizonte; Colégio Cruzeiro, do Rio; e Educandário Santa Maria Goretti, também de Teresina. A melhor escola pública da lista é o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (MG), que aparece em oitavo lugar no geral.


Entre as 13 escolas públicas que aparecem na lista das cem com melhores médias no Enem, sete são ligadas a universidades públicas (Coluni - Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa-MG, Colégio de Aplicação da Uerj, Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Pernambuco, Escola do Recife FCAP Universidade Estadual de Pernambuco, Colégio Politécnico da Universidade Federal de Santa Maria-RS e Colégio de Aplicação da UFRJ); quatro são colégios militares (CM Belo Horizonte, CM Campo Grande, CM Juiz de Fora e CM Porto Alegre), uma é escola técnicas (ETE de São Paulo) e uma é escola federal (Colégio Pedro II, do Rio).

Escola indígena teve pior desempenho
As escolas públicas dominam a lista das escolas com pior desempenho entre as que tiveram mais de 75% de participação no Enem 2010. Das mil piores, 704 são públicas e 296 são privadas. Entre as que tiveram de 50% a 74,9% de participação, a diferença é ainda maior: 987 são públicas e 13 são particulares.



A escola com pior desempenho das que tiveram mais de 75% de participação é a Escola Estadual Indígena Txeru Ba' e Kua, no município de Bertioga (SP), com média de 430 pontos. Em seguida estão a E.E.E.F.M. José Roberto Christo, localizada em Afonso Cláudio (ES), e a Escola Municipal Francisco José dos Santos, de Santa Rosa do Piauí (PI).

13 estados não aparecem entre as cem melhores
Dos 27 estados, 14 têm escolas representadas na lista das cem com melhor desempenho nas provas e que tiveram maior participação dos alunos no exame. Outros 13 estados ficaram de fora desta "elite". Os estados com maior número de escolas entre as cem primeiras são Rio de Janeiro (35 escolas), Minas Gerais (28) e São Paulo (15). Estes três estados concentram 78% das escolas do "top 100". Em seguida vem o Piauí (5). Também estão representados os estados de Mato Grosso do Sul (3), Pernambuco (3), Goiás (2), Maranhão (2),  Rio Grande do Sul (2) , Amazonas (1), Bahia (1), Ceará (1), Distrito Federal (1) e Paraná (1).

Na lista das cem piores escolas deste grupo com mais de 75% de participação no Enem aparecem 31 colégios do Espírito Santo.
Em seguida estão as escolas do Ceará (16), Maranhão (11), Amazonas (9), Bahia (4), Minas Gerais (4), Piauí (4), Paraná (3), Rio Grande do Sul (3), Sergipe (3), Tocantins (3), São Paulo (2), Goiás (1), Mato Grosso (1), Pernambuco (1), Rio Grande do Norte (1), Roraima (1), Rondônia (1) e Santa Catarina (1).


Entenda o Enem
O Enem foi criado em 1998 pelo MEC com o objetivo de avaliar as habilidades e competências dos estudantes concluintes do ensino médio. Em 2009, o exame foi reformulado e passou a ser usado como processo seletivo para instituições de ensino superior. A partir do resultado da prova, os alunos se inscrevem no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e podem pleitear vagas em instituições públicas de ensino superior de todo o país. Estudantes também podem usar o resultado do Enem para solicitar a certificação de conclusão do ensino médio.

Em 2010, 4.626.094 estudantes fizeram o Enem. O exame foi composto por redação e provas objetivas em quatro áreas do conhecimento: linguagens, códigos e suas tecnologias; ciências humanas e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; e matemáticas e suas tecnologias. A média total da escola é calculada pela média do número de participantes que fizeram as provas objetivas e pelo número de participantes que fizeram a redação.

A próxima edição do Enem será realizada nos dias 22 e 23 de outubro. Mais de 5,3 milhões de estudantes se inscreveram. Em 2012, o MEC vai realizar duas edições do exame, a primeira será nos dias 28 e 29 de abril e a segunda será no segundo semestre, provavelmente em outubro.
* Com informações da Globo News
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                   SP: melhores e piores no Enem

II – O MOTIVO DO CAOS.....

Doc. Postado pelo Proprietário do Blog.

Professores fazem até jornadas triplas para aumentar renda

G1 falou com profissionais de escolas em SP, DF, RJ, MG, MS, MT e SC.
Professora 'sorteia' contas para pagar; outra fez empréstimo para quitar pós.

Do G1, em SP, RJ, DF, MG, MS, MT e SC*
Jornadas de 30, 40 e até 60 horas semanais, três empregos, pouco tempo para ver os filhos, a família. Sorteio para pagar as contas do mês. Empréstimos, bicos, jornada tripla. E salários baixos. Esta é a rotina de grande parte dos professores da rede pública de ensino no país, muitos deles pós-graduados.


"Não consigo dar conta de pagar minhas contas mensais", diz a professora Maria Patrícia Almeida Santos Costa, de 38 anos, que leciona no ensino fundamental da escola estadual Professor José Baptista Castellões, na Zona Sul da capital paulista. Ela faz um sorteio todo mês para decidir o que deixar em dia. “Esse mês nós vamos pagar o seguro do carro. Já sabemos que o telefone e o condomínio nós não vamos conseguir."
Tempo para o lazer não é uma possibilidade, segundo ela, com um salário de R$ 1.213. "Há muito tempo eu não viajo. No cinema eu ainda vou, porque eu e o meu filho temos desconto. Às vezes vamos a algum parque público", diz ela. “Eu já tirei uma carteira de trabalho nova e estou procurando trabalho desde abril. Sou casada com um funcionário público e nossa renda é baixa.”
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Sem tempo para os filhos
No Distrito Federal, a jornada de Jucimeire Barbosa, de 45 anos, chega a 60 horas por semana. Dá aulas de artes para o ensino fundamental pela manhã, trabalha à tarde, três vezes por semana, na coordenação da escola e leciona na turma de Educação de Jovens e Adultos (EJA) à noite. Mal sobra tempo para os três filhos. "Muitas vezes meu filho de 6 anos espera eu chegar às 23h para ajudá-lo nos deveres", conta ela, sobre o ritmo de trabalho que mantém há 14 anos.


Jucimeire já chegou a trabalhar em três escolas de duas regiões diferentes – e fazia todo o percurso de ônibus. Mas a renda líquida média não passa de R$ 3,9 mil por mês, o que a impede de investir na carreira. "A gente se forma, trabalha e quer chegar a um ambiente organizado, com tranquilidade. Aí passa por dificuldades, sobra pouco tempo de cuidar de si mesmo, de seu espaço. É bem difícil mesmo."

Não tem como sobreviver dando aula em apenas uma escola, o salário é muito pouco"
Leossandro Adamiski, professor

Professor faz jornada tripla para ser advogado
Em Mato Grosso do Sul, o professor Leossandro Carlos Adamiski, de 28 anos, já fez jornada tripla para trabalhar e agora faz para estudar. Ele trabalha 36 horas por semana em duas escolas dando aulas de filosofia. À noite, cursa Direito.



"Dou aula de manhã e a tarde. No período da noite estou fazendo outra faculdade. Temos que estar preparados para o mercado. Afinal a profissão de professor não está tão fácil", conta o professor.
Ele afirma que é impossível pagar as contas dando aulas em apenas uma escola. “Já cheguei a dar aulas nos três turnos para complementar a renda. Não tem como sobreviver dando aula em apenas uma escola, o salário é muito pouco. Juntei dinheiro para comprar meu carro porque eu tinha que ficar indo de uma escola para outra e gastava quase uma hora no ônibus".

Adamiski diz que o trabalho acaba preenchendo parte dos dias de folga. "Além das aulas, temos que levar para a casa as provas e trabalhos para corrigir. Temos que fazer diários, relatórios e planejamentos de aulas", afirma.
Em Videira (SC), o professor Ravel Ribeiro, de 27 anos, se divide entre quatro escolas, de manhã, à tarde e à noite. No total, são 50 horas/aula, que rendem um salário líquido de R$ 1.980. A mulher está grávida, e o casal tem outro filho de dois anos, com quem Ravel só tem as noites de segunda e terça.

Ele faz parte da diretoria do Sindicato dos Trabalhadores da Rede Estadual de Ensino do estado, onde os professores estão em greve desde o dia 18 de maio.
Pós-graduado e estudante de mestrado, ele dá aulas de matemática e química para cerca de 450 alunos. “Meu objetivo com o mestrado é dar aula numa escola particular ou numa universidade”, diz.


'Correr de lá para cá'
Marcelo Santana enfrenta uma tripla jornada nas redes municipal, estadual e ainda dá aulas num colégio particular na Ilha do Governador, subúrbio do Rio. Mora com a filha de 19 anos e os pais, de quem precisa de ajuda financeira. Pela rede estadual, recebe cerca de R$ 940 e, pela municipal, R$ 1.337. Na particular, são R$ 350.



“A minha filha faz pré-vestibular comunitário porque não dá para eu pagar um pré-vestibular top de linha”, reclama. “Houve um tempo em que eu dava 60 aulas por semana, mas estou cansado. Diminuí para 40 aulas.” Hoje, são 32 horas semanais no município, mais 16 horas no estado e outras quatro horas semanais na rede particular.

“A gente trabalha com uma realidade complicada, de vários tipos de alunos. Você não pode fazer um trabalho com mais afinco porque você tem que correr de lá para cá”, diz.

'É pura vocação', diz professor pós-graduado
O casal de professores Luiz Henrique Rodrigues, de 50 anos, e Clécia Lúcia de Lacerda, de 37 anos, que trabalha na escola estadual Martins Pena, na Zona Sul de São Paulo, faz jornada dupla para conseguir manter o orçamento doméstico. Com descontos e abonos, o professor, que é pós-graduado em história e tem ainda dois cursos de especialização, recebeu, em abril, R$ 1.617, por 40 horas semanais. "É pura vocação", afirma ele sobre a profissão.
Clécia, professora de português, cumpre 30 horas de trabalho na rede pública estadual e mais uma jornada de 40 horas na rede municipal. "Não pode pensar no salário na hora que vai para a sala de aula", diz ela, que ganha um salário de R$ 1.552, fruto de um aumento recente pelo bom desempenho na avaliação de mérito. "Acho que meus alunos precisam de mim. Eu faço a diferença na sala de aula. Eu tenho esse retorno deles.”

A pedagoga Karina Sousa, com duas pós-graduações no currículo e cursando a segunda graduação, recebe um salário bruto de R$ 1.700 para trabalhar 40 horas por semana, também em Videira (SC). Casada e com um filho, ela tenta economizar indo a pé para uma das escolas em que trabalha. Na volta, conta com a carona dos colegas.

Para dar conta dos cursos de qualificação, Karina chegou a vender roupas informalmente, a fazer empréstimos e a dar aulas de reforço em casa. “Nos primeiros anos, eu não tinha acesso à internet e computador em casa. Para a última pós-graduação, tive que negociar as parcelas em atraso para passar pela banca de conclusão de curso. Para pagar a outra, fiz um empréstimo de R$ 2,4 mil”, conta.

Ela trabalha há cinco anos na rede estadual como professora ACT, que tem contrato por ano letivo. Em janeiro e fevereiro, quando as escolas estão em férias, Karina fica sem trabalho e sem renda. Ela diz pensar em se mudar de estado e ir para o Distrito Federal, onde o salário é melhor, ou até em mudar de país.

Quase metade do salário com combustível
Em Mato Grosso, a professora Letícia Aquino da Silva, de 27 anos, chega a gastar quase metade do salário em combustível para se deslocar a uma cidade onde dá aulas. Ela é professora de educação física em duas escolas das redes estadual e municipal.



Como funcionária do estado ela trabalha em um colégio que fica em outro município, no período noturno. Todos os dias ela se desloca de Cuiabá para a cidade de Rosário Oeste, a 133 quilômetros da capital. A professora usa o próprio carro para viajar até o serviço. “Vou com o meu carro porque de ônibus o horário não daria certo. Talvez fosse até mais barato ir de ônibus, mas não dá”, explica Letícia.


Para percorrer a distância entre a casa e o trabalho, Letícia afirma que gasta quase a metade dos R$ 1.873,02 que recebe como professora com combustível. Ela sai de casa às 17h e chega ao município às 19h. A aula termina às 22h. O retorno é feito no mesmo dia, e só por volta da meia-noite é que ela consegue chegar em casa. E a partir das 7h do dia seguinte, tem que estar dentro da sala de aula na escola em que também trabalha, em Cuiabá, na rede municipal.
“Esse mês eu gastei R$ 700 com combustível porque o preço diminuiu. Mas no mês passado eu cheguei a gastar mil reais”, conta.

Rotina de bicos
A rotina não é diferente em Minas Gerais. A professora Alessandra Andrade de Souza Said, de 37 anos, que dá aulas há 11 na rede estadual de educação, em Belo Horizonte, diz que há colegas que vendem roupas, bijuterias e cosméticos para completar a renda. Ela trabalha uma média de 12 horas diárias para conseguir manter as contas em dia.
Pela maratona profissional de três turnos, a educadora ganha R$ 2.652. No contracheque dela, o valor pago pelas 21 aulas no estado é de R$ 567,04. Com as gratificações, o salário vai para R$ 1.252,54.

Casada e mãe de uma menina de 12 anos, a professora diz que ajuda o marido nas despesas de casa e que não tem nada extra.
“Acho que, se fosse o caso, eu poderia cortar a TV a cabo porque a internet eu preciso para trabalhar e a minha filha para estudar, pesquisar. Ainda bem que eu não pago aluguel. Já pensou se pagasse?”, questiona.

Na escola Martins Pena, a professora de física e matemática Luciany Shirley Lúcia da Silva, de 45 anos, dá aulas há 19 anos, mas não é efetiva. A jornada de 40 horas semanais rende um salário líquido de R$ 1.600, porém, o desconto de um empréstimo consignado faz com que a remuneração não seja suficiente para arcar com as despesas.

"Pago R$ 500 de aluguel e R$ 150 de transporte. Se precisar ir ao dentista ou comprar medicamentos, preciso contar com os meus trabalhos extras. Se não, jogo no cartão para pagar no mês seguinte", conta.

Para a professora Alessandra Said, além da desvalorização salarial, há a desvalorização humana.
                               CARTA AOS SENADORES DA REPÚBLICA                                
  Caros Senadores(as); 

Quero apresentar-lhes uma situação gravíssima contra a educação e os professores de MG.
Senadors(as), nós professores de MG e de mais quatorze estados estamos em greve que já dura mais de 90 dias. Nossa reivindicação é legítima e urgente. Em Minas queremos que o Governo cumpra a resolução do STF e pague o piso salarial de R$ 1.187,00 (ver anexos). Hoje o piso ou salário base dos professores estaduais de Minas é o menor do Brasil. (R$ 369,89.)

O governo de Minas de forma intransigente, não negocia, não recebe os professores, não dialoga, não respeita a lei federal e ainda tenta desqualificar o movimento e a importância do professor titular, designando e contratando em caráter dito “emergencial” pessoal não habilitado para dar aulas em substituição aos professores em greve. São contratações de pessoas que jamais entraram em uma sala de aula para lecionar, são engenheiros, publicitários, tecnólogos entre outros, contratados nesta semana para substituir o corpo docente titular que está em greve.


O que está acontecendo em Minas é um verdadeiro atentado à educação e aos professores, também aos alunos e pais. É um sucateamento generalizado da Educação, um massacre contra os professores de carreira que lutam pelo seu direito e melhoria de vida e condições de trabalho.


Não bastasse o sucateamento histórico de nossos salários e condições de trabalho, o governo de Minas agora tenta nos descartar, nos desvalorizar, jogar no lixo nossa carreira, nossos anos de estudos, conhecimentos e investimentos em licenciatura para que nos tornássemos professores habilitados e capacitados a docência. O governo tenta nos sucatear negando nosso piso de direito, impondo um subsídio absurdo e agora contratando pessoas não qualificadas para nos substituir em sala de aula.


Para o governo de Minas nossa qualificação não tem a menor importância. A carreira de docente, a qualidade, preparo e capacidade do professor não importam. O que importa é ter alguém, uma figura em sala de aula falando e fazendo alguma coisa com nossos alunos. Para que os pais e os próprios alunos pensem que está havendo aulas e a imprensa divulgue uma normalidade na educação Mineira.


Por isso, como cidadão e professor, peço encarecidamente que tomem conhecimento dessa barbárie e nos apóie levando inclusive à tribuna do Senado federal a nossa situação, para sensibilizar os demais senadores que defendem a educação e o professorado e quem sabe assim removermos a intransigência do governo de Minas.

Para municiá-los de dados e informações envio anexo material sobre o assunto e sugiro acessar os sites abaixo:
Atenciosamente,
Professor Westerley Santos