quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O QUE O BRASIL PRECISA É DE SENSO CRÍTICO!

 

Resposta ao Sr. Reinaldo Azevedo e aos seus admiradores e seguidores.
Sr. Reinaldo, li seu texto e achei muito interessante. Respeito suas opiniões muito embora discorde inteiramente delas. Não é minha intenção polemizar neste sentido, mas me senti no dever pedagógico de oferecer-lhe alguns esclarecimentos:

Fiz uma crítica severa à proposta de redução das aulas de língua portuguesa e matemática no ensino médio público de São Paulo em benefício das aulas de sociologia, por exemplo. A idéia de jerico é do secretário de educação, Herman Voorwald. Nessas horas, alguns bobinhos costumam dizer: “Ah, mas que mal há em debater o assunto?!” Sem essa de que tudo nesta vida é “debatível”! Algumas idéias são estúpidas “ab ovo”, como diria o meu antigo professor de latim — desde a origem. Ninguém precisa se jogar num buraco de três metros de profundidade para saber se machuca… Machuca! O puro empirismo é a religião dos cretinos.

Esclarecimento 1 – Só para lembrar, a Matemática é uma Ciência e, como tal , por natureza é empírica. Portanto, ao defendê-la (coisa que também faço) o Sr. Acabou a atacando inclusive a classificando de cretina! Saberia disso se tivesse estudado Filosofia, mais precisamente em “Epistemologia”.

Mais: a tese vem embalada naquele esquerdismo preguiçoso que toma conta da educação brasileira, em qualquer nível, pouco importa o partido que esteja no poder — com os petistas é sempre pior porque até uma dose de Gold Label que acabou de sair do freezer, acompanhada de um pedacinho de chocolate amargo (não é para se empanturrar…), é pior com eles do lado… Se os encontrarmos no céu um dia, o que é pouco provável, o céu já terá ido para o diabo… Mas volto.

Esclarecimento 2 – Aqui (parte negritada acima) o Sr. demonstra pouco conhecimento de Ciências Políticas. Não existe esquerdismo independente do partido. Ser de esquerda ou de direita depende exclusivamente dos princípios ideológicos do partido. Também saberia disso se tivesse estudado Filosofia e Sociologia, mais precisamente em “Teoria Política”

Uma das misérias das nossas esquerdas é a ignorância específica, até em sua própria área de atuação. Nas “Teses sobre Feuerbach”, num de seus rasgos de obscurantismo, Marx afirmou que os filósofos, até então, haviam se dedicado a pensar o mundo; era chegada a hora de transformá-lo. A história do marxismo e dos regimes marxistas indica que aquela não era uma boa divisa. Serviu para justificar o obscurantismo da ação, desde que “revolucionária”.

Esclarecimento 3 – Meu caro! Aqui você faz uma confusão mental, aí sim obscura. De modo simplificado tentarei esclarecê-lo: Marx era (Materialista), neste texto ele tenta fazer a crítica à teoria de Hegel (Idealista), e acaba fazendo uma síntese a partir do confronto entre os erros do Materialismo e do Idealismo Hegeliano. Desta síntese ele extrai o que chamou de Práxis Revolucionária. Mas este princípio inaugurou a teoria genuinamente Marxista; o “Materialismo Histórico Dialético”: materialismo porque Marx defendia em oposição a Hegel, que a sociedade se constrói a partir das relações materiais de trabalho e produção. Histórico, porque as mudanças e processos sociais são determinados por estas relações. Dialético, porque estas relações e mudanças não são lineares, são dialéticas. Isso significa, de modo simplificado, que o homem faz sua história e é capaz de fazer mudanças na sociedade a partir de sua prática consciente. Esta é a base da filosofia Marxista. Justamente o que você está tentando fazer com suas intervenções. Logo; você está praticando a filosofia marxista. Neste caso concordo com você, não precisava estudar Filosofia bastava estudar História.

Mas o matemático Marx, ora vejam!, era um homem que apostava, a seu modo, no avanço. Nunca chamou, por exemplo, o capitalismo de reacionário. Ao contrário: o sistema seria o progresso necessário a partir do qual se construiria o socialismo. Se alguém lhe dissesse que uma escola estava pensando em trocar aulas de matemática por aulas de filosofia (não dá pra falar em “sociologia” no século 19 nos termos de hoje), ele certamente se levantaria da cadeira, faria uma careta por causa dos furúnculos purulentos, e daria um pé no traseiro do infeliz.

Esclarecimento 4 – Permita-me uma correção. Marx não era Matemático era Economista (que é uma Ciência Social assim como a Sociologia). Se você tivesse estudado Sociologia saberia disso.

Ele certamente diria que o mundo precisava mais de engenheiros que o transformassem do que de filósofos que o pensassem — e isso faria todo sentido, se querem saber. Idéia idêntica repetiu no livro “A Ideologia Alemã”, quando manga dos alemães na sua disputa com a França pela região da Alsácia-Lorena. Diz que os alemães, quando no domínio da região, se preocuparam menos em colonizá-la, que seria o certo, do que em espalhar a sua filosofia, que era a opção mais tola.

Esclarecimento 5 – O Materialismo de Marx não é construção de prédios, assim como a Matemática não é para saber fazer cálculos, é muito mais que isso, é para aprender a raciocinar logicamente. Pelo seus comentários me parece que suas aulas de Matemática não lhe foram de muito valia.

Os nossos esquerdistas poderiam ao menos ser marxistas, né? Embora estivessem abraçados a um erro essencial, seria ao menos um erro qualificado. Mas não! O seu horizonte máximo é essa escória petralha, que faz do proselitismo ignorante uma profissão de fé.
Acreditem! O Brasil tem uma inflação de sociólogos, filósofos, pedagogos e demagogos. O Brasil precisa de mais engenheiros, que saibam se expressar com clareza. O Brasil precisa de mais português e de mais matemática. E o secretário Herman Voorwald precisa de juízo.

Esclarecimento 6 – Meu caro! Novamente incorre em uma falácia (invalidade lógica). Como é possível ter Engenheiros sem Pedagogos? Quem poderá ensiná-los a serem Engenheiros? E é claro e notório que há no Brasil infinitamente mais Engenheiros que Filósofos e Sociólogos. Basta verificar a quantidade de alunos e formandos nos cursos de Engenharia e de Filosofia e Sociologia. Mesmo porque Engenharia, Medicina e Direito foram os cursos inaugurais da formação superior no Brasil. Ao contrário da Filosofia e Sociologia. Este País nunca fez opção por uma educação formadora da consciência crítica, social e política de seu povo. Talvez venha daí nosso atraso ético, nossa fraqueza moral e nossa alienação política.

E por fim lhe digo; as leis da física, essenciais à Engenharia, tais como da hidrostática, da estática, da ação e reação, da óptica, a lei da inércia, da dilatação térmica, da mecânica, etc..são todas desenvolvidas por Filósofos/Matemáticos, desde a Antiguidade. Cito um moderno, bem conhecido de todos: Isaac Newton. Filósofo.

Um abraço! Westerley Santos

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